"Sou filha do Sol, trazida pelo vento. Sou verdadeira Bruxa por dentro. Bruxa nascida do fogo, meu espirito é soberano. Sou a transformação, a destruição e também sou a criação. Vivo com liberdade, criatividade e lealdade. Assim vão me encontrar. E se procurarem bem no fundo da fogueira, lareira ou de uma vela Os meus olhos vão achar na chama daquilo que queima o meu espirito, estará lá. Mas logo vos aviso, se mau intencionado estás, não procurarás"

Rosângela Amaral

24 março 2014

Culto a Mãe Terra tão antigos quanto à própria terra.

O culto centrado na reverencia, amor e gratidão a Mãe Terra e tão remoto quanto o ato de semear a terra. Quando o homem passou a semear a Mãe para comer ele percebeu que dela dependia e a ela tinha um voto de amor e gratidão. Para que as sementes fossem germinadas dependeria de uma força ao qual ele não conhecia e nem dominava, isso era um ato de benevolência da Mãe aos seus filhos.

A personificação da Terra como Deusa é universal, tendo sido cultuada como Mãe por todas as antigas culturas, em parceria, às vezes, com seu consorte o Pai Céu ou com suas Filhas. Porém havia uma dualidade no seu culto, pois além de ser vista como doadora e provedora dos alimentos, ela também era também destruidora, encarregada da dissolução dos resíduos vegetais, animais e humanos. O mundo dos Antigos tinha essa visão a respeito da Mãe, à união dos princípios opostos, vida e morte. Esses acontecimentos o corriam no ventre da Mãe Terra. Além de receber os mortos proporcionando-lhes repouso e cura à espera do renascimento. A Terra também abrigava o mundo subterrâneo, regido por divindades ctônicas e habitado pelos seres ancestrais e sobrenaturais.

É na variedade de figuras femininas oriundas dos períodos paleolítico e neolítico comprovam a ancestralidade dos cultos de fertilidade centradas em uma Mãe, Avó ou Mulher Terra. Os rituais eram ligados às irregularidades topográficas como montanhas, grutas, fontes, rios ou à diversidade da vegetação, selvagem ou cultivada. As grutas eram ligadas ao mundo subterrâneo, sendo as aberturas com simbolismo uterino que serviam como locais para rituais e celebrações. As montanhas, consideradas lugares propícios para a comunicação entre o mundo celeste e o mundo da terra.

A Terra em sua natureza e origem foi descrita de enumeras formas e mitos de criação em diversas civilizações e povos. Esses mitos descrevem esse surgimento como aparecido do vazio, do caos ou de oceano primordial formado de um corpo da divindade materna. Então esses mitos descrevem a terra apoiada em um animal, como a tartaruga, na tradição indígena norte-americana ou no mito chinês da deusa Nu Kwa, ou sustentada por seres sobrenaturais colocados nas quatro direções cardeais como os gnomos do mito nórdico. Alguns mitos nativos descrevem como diversos animais mergulhavam no oceano primordial, de onde traziam lama ou areia para formar a Terra. Para os índios norte-americanos o nascimento da humanidade decorre da união entre a Mãe Terra e o Pai Céu. Em outros mitos os seres humanos aparecem de repente por um buraco na terra “sipapu” ou são formados pelas divindades com lama, barro, galhos e penas.

Como no mito peruano da Pacha Mama os terremotos eram atribuídos ao movimento de mudança de posição da Mãe terra. Para pedir que a Mãe se acalmasse os povos faziam sacrifícios de animais, oravam e tocavam tambores. Na antiga China o imperador se prosternava perante cinco montículos de terra representando as quatro direções cardeais e o centro e fazia oferendas para a Terra.

Entre os índios norte- americanos o culto mais difundido é da Mãe Terra seguido da Mãe dos Grãos, que surgia como uma única divindade. Essa Mãe é multiplicadora como suas filhas as Donzelas do Milho, ela também pode ser simbolizada pelas três Irmãs que simbolizavam os alimentos sagrados; milho, feijão, abobora. As colheitas eram as oportunidades de agradecimento com oferendas, festividades, danças e orações. Dependendo da natureza da colheita estas cerimonias se estendiam durante vários meses com danças típicas em forma de rodas ou espirais, mas envolvendo sempre toda a comunidade. Na Europa havia a dança do pão considerado o alimento sagrado usado em ritual. Também visto como amuleto de proteção ou para cura, o pão jamais poderia ser desperdiçado ou jogado fora, sendo também usado em sinal de boas vindas ou recepção dos noivos entre os povos Eslavos e dos Balcãs. Antes de cortar o pão as camponesas romenas o abençoavam e agradeciam a terra pelo “pão de cada dia”.